Não! É um conselho de mãe.
Tenho 2 meninos muito desafiantes e ambos adoram andar de bicicleta.
O meu filho mais velho aprendeu a andar com quase 5 anos. Tinha uma bicicleta com duas pequenas rodas estabilizadoras e quando optámos por retirá-las para ensinar equilibrar-se foi uma fase inesquecível para ele e para nós pais. Foram necessários alguns dias de treino, muito esforço físico do pai e da mãe, mas acabou por ser fantástico o dia que ele nos mostrou orgulhosamente que já conseguia andar sem as rodinhas, eu estava radiante, não pelo objectivo alcançado, mas sim pela felicidade que esta conquista lhe trouxe.
Passado 1 mês deste episódio, o meu filhote mais pequeno, que andava numa bicicleta de equilíbrio (sem pedais), acabou também por aprender a andar numa bicicleta normal com pedais e roda 12. Tinha apenas 2 anos e meio quando conseguiu fazer a transição, sem qualquer esforço físico, apenas foi necessário um pequeno apoio para iniciar a marcha e começar a pedalar.
Desde então que tenho pensado como um episódio da vida – aprender a andar de bicicleta – pode ser tão importante para uma pessoa e como a forma que é feito pode ajudar a moldar personalidades e desenvolver apetência para a prática de actividade física. Senão vejam, o meu filho mais velho foi obrigado a ultrapassar os medos que o mais novo nunca chegou a criar, foi obrigado a esforçar-se bastante para alcançar um objectivo que outros lhe definiram (não foi ele que o desejou, ele estava bem com a duas rodinhas..), desistiu algumas vezes e precisou de procurar motivações para continuar a tentar. As coisas correram bem, mas para quantas crianças este episódio não terá sido traumatizante? Algumas terão se sentido impotentes para impedir o desgaste físico dos seus pais e, outros certamente, terão visto a decepção no rosto dos pais pela primeira vez. Estas situações são desnecessárias, os nossos filhos têm e terão imensas oportunidades para aprender a lutar, para resistirem e ultrapassarem os obstáculos.
Se os educadores promoverem a naturalidade da aprendizagem , sem imposições, alimentando o gosto pela prática do desporto de forma espontânea, estarão a seguir o ritmo de cada criança, essencial para a auto-estima e para que a prática desportiva se mantenha ao longo da vida.
Ofereçam, ou peçam emprestadas, bicicletas de aprendizagem ou simplesmente retirem os pedais das bicicletas dos vossos pequeninos. Este é o meu conselho.
Boas pedaladas.
Joana Almeida
O mais novo nunca exigiu desgaste físico aos pais, porque consta que foi um tio que passou por esse esforço traumático (pelos vistos, ainda não reconhecido pelos progenitores) …
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